domingo, 29 de novembro de 2015

12 livros para gostar de ler filosofia

CONHECIMENTO


Professores universitários selecionam leituras que mantém vivo o desejo dos alunos em filosofar longe da sala de aula

04/03/2015 14:51
Texto Marion Frank
Educar
Foto: Nana Sievers
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"A Filosofia contribui para o estudo da Ética e Moral, demanda social negligenciada na formação do cidadão brasileiro", diz o filósofo e psicanalista Arthur Meucci
Desde 2006, Filosofia é disciplina obrigatória no Ensino Médio brasileiro. Para muitos, perda de tempo, pois exige maturidade intelectual que a maioria dos alunos não tem. Mas há defensores fervorosos de sua inclusão no currículo, caso do filósofo e psicanalista Arthur Meucci. "É a única disciplina da grade escolar que faz a ponte entre o português, a sociologia, a história e a matemática, além de contribuir para o estudo da Ética e Moral, demanda social negligenciada na formação do cidadão brasileiro", destaca.
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Noves fora é inegável a qualidade de ser interdisciplinar, "... de permitir abordar temas que são do interesse dos alunos - você pode, por exemplo, falar de arte, explorar a letra de uma música...", comenta Sonia Campaner, professora de Filosofia da PUC-SP. Afora isso, salienta a autora de "Filosofia, Ensinar e Aprender", livro dirigido aos professores, "quando se aborda uma questão do ponto de vista filosófico, você aprende a argumentar, ouvir e perceber o que não está habituado a enxergar".

Quanto a José Bento Ferreira, que já deu aula de Filosofia no Centro Universitário Senac e é professor no colégio Pentágono (SP), aproveita para mostrar aos alunos "a atualidade das ideias filosóficas, sobretudo a dos pensadores mais antigos, e a sua profundidade".  Sonia e José Bento usam clássicos da literatura e da poesia para discutir filosofia em classe. E para manter o interesse longe dela, eis leituras que recomendam.
Para ler, clique nos itens abaixo:
1. Romeu e Julieta

Autor:: William Shakespeare
Editora: Martin Claret

"Escrito há mais de 400 anos, pode ser apreciado sob o ponto de vista dos contrastes entre épocas, as diferentes formas de comunicação - hoje tudo é rápido, basta apertar um botão para se comunicar, ao passo que no tempo e no lugar dessa história, a Itália do século 16, os deslocamentos eram feitos a cavalo - e, com ele, as mensagens entre os apaixonados... A leitura de uma obra-prima como essa ajuda a observar com distanciamento o que era típico daquele tempo e o que hoje seria impensável, salvo os conflitos principais - o amor proibido, a incompreensão das famílias etc. - , que continuam a existir, apenas de outra maneira", salienta Sandra Campaner.
2. O Príncipe

Autor:: Nicolau Maquiavel
Editora: Universo dos Livros

"É um clássico da filosofia política, escrito há cerca de 500 anos, mas que se assemelha à leitura de jornais, tal a sintonia entre o realismo do autor e os problemas políticos atuais. Com textos curtos, deliciosos - chega a ser divertido por causa das histórias incríveis que relata...--, permite discutir atualidade dentro e fora das aulas de Filosofia", destaca José Bento Ferreira.
3. "Eu, Etiqueta"

Autor:: Carlos Drummond de Andrade
Editora: Record

"Poema de 1984, ele está incluído em antologias do poeta. É outra forma de identificar hábitos e costumes, de pensar no homem contemporâneo que mais parece um outdoor, ele que carrega só etiquetas na roupa que veste... É o apego ao consumismo e à moda, que aparentemente distingue cada um, mas que no fundo acaba fazendo com que todos se pareçam...", analisa Sonia.
4. Crime e Castigo

Autor:: Fiódor Dostoiésvki
Editora: Editora 34

"O grande escritor russo do final do século 19 escreve com estilo leve e ritmo de romance policial, daí apreciar muito a tradução de Paulo Bezerra (trabalho publicado pela Editora 34). Entre outros motivos para ler esse clássico da literatura mundial está a discussão ética e o poder da própria consciência", destaca José Bento.
5. Poemas

Autor:: Bertolt Brecht
Editora: Brasiliense

O poema que gosto de indicar para os meus alunos se chama ‘Nó Górdio’. É a história de um nó muito bem feito, que se torna razão de um desafio, ‘quem seria capaz de desatar tamanha obra- prima’, e aí aparece um sujeito meio bronco que corta o nó com a espada de uma só vez. O poeta aproveita então para demonstrar que o nó não era assim algo muito especial e o que havia de mais importante, a ação, era quase sempre desvalorizada... Ou, como ele escreveu, "nem tudo difícil de ser feito é útil". Ou seja: ele acaba com a exaltação da destreza - eu acho isso bárbaro! E a filosofia tem a ver com isso, com essa ‘astúcia’ de usar a espada, no caso, para resolver logo o problema...", observa Sonia.
6. O Universo, os Deuses e os Homens

Autor:: Jean-Pierre Vernant
Editora: Companhia das Letras

"Escrito por um helenista de grande reputação, é uma introdução primorosa ao pensamento grego a partir de mitos e tragédias. Um livro delicioso, porque Vernant se comportou como o avô que contava toda noite uma história sobre a Grécia antiga para o neto - o que de fato aconteceu", lembra José Bento.
7. Os Moedeiros Falsos

Autor:: André Gide
Editora: Estação Liberdade

"É exemplo de um ‘romance de formação’, aquele que tem uma personagem principal que termina a narrativa de um jeito diferente de quando ela começou. O que faz Gide naquele romance? Ele desloca o tempo todo o ponto de vista do narrador, que entra de repente no meio da história, ou ainda, faz o leitor acompanhar o fio da história a partir das cartas que uma personagem lê, enfim, um caos, porque às vezes nem se sabe direito quem é que está contando a história... Um livro perfeito para discutir sobre identidade ("Quem sou eu?"), quem é esse eu que fala, afinal, as histórias são contadas de acordo com a perspectiva de quem narra, o que é muito diferente de contar apenas com uma única visão das coisas - sinal de que alguém impôs a sua opinião. Com esse livro, fica fácil, por exemplo, discutir com os alunos que, quando alguém fala, está falando de um ponto de vista que não é o meu; posso ouvir, discutir, concordar ou não, eu só não posso é aceitar logo de cara", realça Sonia.
8. A Infância em Berlim por volta de 1900

Autor:: Walter Benjamin.
Editora: Brasiliense

São memórias da infância de Benjamin, só que ele narra a biografia sem usar a palavra ‘eu’ (e essa é uma grande questão filosófica: o que é o ‘eu’?). E como ele faz para contar a própria história? Ele fala das ruas, das paisagens - ele não é a primeira pessoa, a primeira pessoa é aquilo que ele vê. Ele é uma identidade em construção, é tudo o que ele faz, observa etc. Apesar de ser filósofo, Benjamin usou uma linguagem bastante acessível nesse livro, aliás, bastante influenciada pela obra de Marcel Proust, "Em busca do tempo perdido". Aliás, a quem se encantar com esse contar de memórias, fica aqui a sugestão de mergulhar também na obra do escritor francês. Uma narrativa diferente, e que vale muito a pena de ser lida", garante Sonia.
9. O Prazer do Pensar (coleção)

Editora: Martins Fontes

"Recomendo todos os livros dessa coleção lançada pela Martins Fontes. Trata-se de uma iniciativa inovadora, de livros escritos por especialistas brasileiros que selecionaram textos curtos de autores clássicos sobre temas como paixão, conhecimento, natureza etc. Os livros contêm comentários sobre os textos selecionados com linguagem simples e acompanhados de propostas de reflexão e dicas culturais", indica José Bento.
10. "Aniversário"

Autor:: Álvaro de Campos (um dos heterônimos de Fernando Pessoa).
Editora: Ática

"É sobre a passagem do tempo sem cair em saudosismo, ao contrário, é o poeta avaliando mais um ano de vida, o que isso mudou em mim, o tempo que passou... Representações da vida, que são trabalhadas a partir da sensibilidade do poeta", comenta Sonia.
11. As Cidades Invisíveis

Autor:: Ítalo Calvino.
Editora: Teorema

"Em particular, recomendo a leitura do capítulo ‘A cidade e o Desejo’, que aborda a questão do que o mundo poderia ser, uma discussão muito importante para se ter dentro ou fora da sala de aula, transformando a cidade em que se está, projetando o que se gostaria realmente de ter no lugar em que se mora, o que é muito instigante levando em consideração a metrópole de São Paulo", diz Sonia.
12. A Náusea

Autor:: Jean-Paul Sartre.
Editora: Saraiva

"É sobre a crise do homem moderno diante do vazio do dia a dia, enfim, o existencialismo em toda a sua força - e o fato é que os alunos se sentem naturalmente atraídos pelas ideias do pensador francês. Para ser lido a qualquer hora, sempre", afirma José B

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